quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

e eu vou me tornando um tatu de mim mesmo.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

nem todo reino é reinado por prosperidade.
O sol escorre pelo canto bem de leve. A sombra toma conta. Toma conta dele. A luminosidade que entra em todos, nele desvia-se. Ela sente que ali não pode fazer seu papel. Enquanto isso Denis vai caminhando como se não notasse esses acontecimentos externos, pois o que acontece dentro si parece inerte. Dentro de si a sombra dita o ritmo de seu humor. Levado por pensamentos vivos, ele finge muito bem que entende o que acontece. Esse fingimento engana a muitos, mas engana mais ainda quem acha que não é enganado. Isso deixa-o feliz, por leves momentos. Não que ele seja triste mas adora pessoas que se enganam por serem tão "sábias". O ritmo não segue a música. Que música é essa? Uma mistura de samba com marcha fúnebre? Uma alegria que chora de angústia. Um silêncio que berra por clemência. Um som solto no vácuo.

A vida segue. Os carros passam velozes, as pessoas esbarram uma nas outras e a poluição desfila toda orgulhosa. O dia está lindo, apesar de tudo. Denis está solto, leve, voando em seus pensamentos. Uma coisa sem explicação, também. Não pensa no que está pensando. Foi levado a isso. E agora pensa. Pensa! Delira e explode em emoções sem controle. O sol queima seu corpo. Ou queima seu peito? Essa ficção é real? A história que passa em sua cabeça veio de algum lugar, a não ser de sua própria imaginação? Denis parece não se importar, agora, muito com isso. Apenas pensa nesses pensamentos que vivem por si sós. Sabe que qualquer semelhança, pode ser, mera coincidência.

sábado, 26 de janeiro de 2008

oh fim triste de um triste começo!
será meu senhor?
que coisa é essa que faz assim,
achando que assim é a coisa certa?

fruto novo de árvore velha
morto de nascimento
esquecido de lembrar
lembranças esquecidas.

que morte profana
essa que vive no samba
sem cá nem razão
vivendo de emoção.

oh meu deus!

não é a coisa certa,
mas não perdi a cabeça
por que acho então
que minha sorte é ser poeta?

poeta, poeta, poeta
quem me dera fosse
um lírio de pétala aberta
além de um futuro voando pela janela.

sangro, grito e berro
minto, finjo chorando.
não sou o que vejo
nem o que escondo.

eu só queria que fosse
um galho torto lá no alto
sem ninguém pra notar
o momento inexistente de aflorar.

o sapo pula
e o cachorro baba.
os meninos batem bola
e as meninas cuidam de seus sapatinhos.
uns vivem tanto
outros nada.
eu amo
ela não.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

nem sempre poeta e poesia dizem a mesma coisa.
oh meu deus tenha dó dos livros.
tenha dó do livro novo
que se sente estranho em meio aos empoeirados.
mas tenha dó de seu dono que não pode lê-lo.

meu santo deus tenha dó da biblioteca
que sempre movimentada, mas triste e calada na hora do sono.
mas tenha dó ainda de seu dono
que mesmo dono, és escravo deles.

tenha dó dos livros de uma edição
que sozinhos contam uma história isolada
mas tenha mais dó ainda de seu dono
que sozinho, não é história alguma.

oh meu deus, santo deus, tenha dó
das pessoas que passam os olhos pelas páginas e não lêem
mas tenha tremenda dó do dono da biblioteca
que tudo lê e não é lido.

oh deus tenha dó
das histórias que tem já tem um final e não são
escritas com uma página em branco pela frente cheias de surpresa
e, meu deus, se ainda sobrar-lhe dó
me dê um final feliz.