sábado, 15 de maio de 2010

Há tanto tempo a música era apenas barulho
e letras, leves rabiscos mudos.
O calor servia apenas pra irritar,
e o sorvete apenas pra derreter.

O sapato estava com muita poeira.
Minha estante, ninho para as traças e suas primas.
E o meu peito, sufocante.
Meus olhos, sem janelas!

Minha lagoa já não tinha sapos,
e minha rapunzel era careca.
Minha canoa, furada como peneira
e minhas árvores perpetuaram o outono.

Mas eis que agora o cardíaco acelera,
a angústia prima por ansiedade.
O vento, antes andarilho
és meu suspiro de paixão.

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